quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Contemplandum
Eu vou falar dos seus olhos...
E dizer que gosto de olhar você,
De ver a menina no fundo brilhante,
Inocente, transparente no seu jeito de ser.
Seus olhos são globos terrestres,
Mil sóis explodindo em silêncio,
Estrelas cintilantes piscando distantes,
Pérolas negras, jabuticabas, amoras silvestres.
Eu vou falar dos seus lábios...
Que falam, beijam e comem
Pedaços suculentos de carne macia.
Falarei deles como homem!
Boca bonita, falante, faceira, cor de maçã;
Suave como a brisa marítima,
Gostosa, bondosa, cheirando à fruta madura!
Sensualíssima! Como o vermelho do sol da manhã.
Eu vou falar do seu rosto... Eu vou falar de você.
Falar, falar... Falar o que? Começar por onde? Terminar como?
Não vou falar nada não! Vou ficar assim... parado...
Contemplando, me embriagando na aventura de te ver!
Autor: Mário Machado
E dizer que gosto de olhar você,
De ver a menina no fundo brilhante,
Inocente, transparente no seu jeito de ser.
Seus olhos são globos terrestres,
Mil sóis explodindo em silêncio,
Estrelas cintilantes piscando distantes,
Pérolas negras, jabuticabas, amoras silvestres.
Eu vou falar dos seus lábios...
Que falam, beijam e comem
Pedaços suculentos de carne macia.
Falarei deles como homem!
Boca bonita, falante, faceira, cor de maçã;
Suave como a brisa marítima,
Gostosa, bondosa, cheirando à fruta madura!
Sensualíssima! Como o vermelho do sol da manhã.
Eu vou falar do seu rosto... Eu vou falar de você.
Falar, falar... Falar o que? Começar por onde? Terminar como?
Não vou falar nada não! Vou ficar assim... parado...
Contemplando, me embriagando na aventura de te ver!
Autor: Mário Machado
Camões
Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
DAR NÃO É FAZER AMOR
Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
'Que que cê acha amor?'.
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...
Luís Fernando Veríssimo
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Os meus extremos.
Minha vida é pêndulo. Oscilo entre o bem que desejo e o mal que rechaço. Sei que minhas sombras não são todas ruins e minhas luzes não são todas boas.
Minha vida é sístole e diástole, fluxo e refluxo. No vai-e-vem de minhas emoções choro e rio, fico e vou. Não receio mostrar covardia e hesito nas coragens.
Minha vida é dança na encosta do abismo. Prestes a despencar, no limite do perigo, corro o risco de tornar-me o fiasco do milênio. Mesmo assim, jogo e aposto atrevidamente. Mesmo sabendo que posso ferir-me, enfrento a corda bamba.
Minha vida é estrada esburacada. Nos solavancos das crateras que se abriram pelo caminho, tento aprumar-me. Não quero perder a direção. Vou por trilhas menos pavimentadas, mas vez por outra, cansado, prefiro cortar caminho.
Minha vida é simultaneidade de satisfação e fome. Os desejos cumpridos deixam sobra, um resíduo, de desprazer. Porém, por mais que as inadequações se mostrem onipresentes, celebro contente a minha sorte.
Minha vida é, ao mesmo tempo, vitrine e caverna. Convivo com plataformas e microfones. Falo para platéias. Sou fascinado por silêncios, por alcovas. Audaz com multidões e tímido com pessoas, opto por poucas palavras. Mas, dou a mão à palmatória, falo pelos cotovelos.
Minha vida é mescla de certeza e imprecisão. As dúvidas não me abalam, mas as certezas me confundem. Gosto de questionar e não tenho medo de ficar sem resposta. Os absolutos me incomodam, os dogmas me inquietam, as exatidões me deixam suspeitoso.
Minha vida é ameaça e bênção. Consciente dos ódios que já provoquei, vivo inseguro; sempre procurando redenção. Entusiasmado com a bênção que sou, alço o vôo da águia; sempre ousando novos desafios.
Minha vida é mistura de morbidez e sede de viver. Aguardo o apagar das luzes, reconheço a iminência do meu fim. Contudo, procuro desdobrar os minutos em “nano-frações” de felicidade.
Minha vida é preocupação despreocupada. Temo as contingências, mas o insólito me entusiasma . Repito aos quatro ventos que dores e alegrias entram na fabulosa receita desta existência, que o Criador projetou livre. Não há nada mais deslumbrante que a angústia, e nada mais surpreendente que a felicidade.
Texto de Ricardo Gondim (grifos meus rs rs)
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Socrático

Qual é o melhor caminho
Para as coisas conhecer,
Decifrar os pergaminhos?
Saber sobre o tempo, o vento...
O mundo dos sentimentos...
Tirar o novo do velho...
Aprender a dar conselhos...
Perguntar ou responder?
Onde há mais sabedoria?
Onde existe mais mistério?
No céu da noite ou do dia?
Saber é coisa de criança?
Perguntar é ser maduro?
A pergunta ou a resposta?
Qual me faz mais inseguro?
Quanto mais aprendo vejo
O quanto importa aprender!
E envolvido em meus dilemas,
Aprendi nada saber.
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